segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Assassinos S/A vol. 2

Infelizmente ando afastado dos meus blogues por conta de que minha máquina pifou e não estou tendo como entrar na internet constantemente. Mas breve isso estará resolvido, bem como colocarei em prática algumas novidades. Mas o motivo de meu post hoje, é divulgar para vocês, que depois do sucesso da Antologia Beco do Crime, que quem quiser adquirir é só entrar em contato por e-mail (pliniogomess@hotmail.com), bom, depois desse primeiro livro do qual participei junto a outros grandes escritores, fui selecionado para o Assassinos S/A vol. 2, uma maravilhosa coletânia de contos, que ainda contará com ilustrações extraordinárias. o livro sairá pela Editora Multifoco, a mesma que editou a Antologia Beco do Crime. Bom, aí está a relação de contos selecionados. Grande abraço Perfumado.
A Chacina - Carolina Luz
Cinqüenta Minutos - Vivian H. Pizzinga
Clarisse - José Sérgio Bechler
Crimes no Paraíso - Roberto Kusiak
Margaridas no Céu - Afobório
Melhor Amigo - Fabiano Cisticerco
Nossa Senhora do Bom Parto - Plínio Gomes
Nove - Rob Martins
O Acerto de Contas - Bruno Borges
O Julgamento - George Ritter
O Multiplicador - Giselle Sato
O Bom Vizinho - Wilson Gorj
O Elo Perdido - Guilherme Lessa Bica
Reflexo - Israel Telles
Segundo Plano - Sidney Stadnik
Vlad Tepes VI - Roberto Kusiak
Ron - Yubertson Miranda
Todos Querem a Cabeça do “Compadre” Matias Reis - Wuldson Marcelo
Um Anjo Redentor - George dos Santos Pacheco
Uma Noite de Amor - Valdeci Garcia
Soldado Invernal - Jota Fox
Para Logo Recomeçar – Danielle Sousa
O Antipanegírico - Eduardo Miranda

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Bienal, Antologia Beco do Crime, Beto Canales

Bom,





ando meio sumido dos blogues e Internet, porque meu computador anda tendo chiliques... isso é muito chato, mas muito chato mesmo. Mas creio que resolvo esse problema nos próximos dias.






Bom,




o jovem mancebo que vos escreve, teve a honra de voar pela primeira vez e para o Rio de Janeiro, (Tive o prazer de ter Maria Bethânia no mesmo voo) e mais ainda, para participar do lançamento da Antologia Beco do Crime, organizado pelo André Esteves (Gente finíssima) do site Beco do Crime e pelo Frodo Oliveira (Uma figura ímpar) da editora Multifoco. Gente, muita emoção, muita realização e sei-quero-espero-acredito que seja só o início de muito mais. Lá na Bienal, onde o livro foi lançado, pude conhecer pessoas extraordinárias, dentre elas, destaco um escritor, o Beto Canales, que além de participar da Antologia do Beco, também publicou seu livro solo: A vida que não vivi (Ver capa logo abaixo). Esse cara, que eu tive o prazer de sentar num boteco na Lapa e tomar alguns chopps, gente, esse cara, tem muito o que contribuir com a literatura, enfim, como costumo dizer: só tenho flores para jogar. E claro, não só comprei o livro dele, como estou lendo e claro, INDICO SEM MEDO DE ERRAR.









sábado, 5 de setembro de 2009

Antologia Beco do Crime

Bom gente, aí está o release do livro. Lembrando que o lançamento está confirmado para o dia 19 próximo, durante a Bienal do Rio, as 17hs, estande do Beco do Crime, pavilhão laranja, ao lado da sala de imprensa. EU ESTAREI LÁ, bem como outros importantes autores que estão na Antologia.


Ele desperta. Com o rápido vibrar de uma faca, com o pragmatismo de um revólver ou mesmo com o lento e prazeroso repuxar de uma corda, ele dá vazão aos seus instintos e busca concretizar seus impuros - ou puros, algumas vezes - desígnios. Sabe que deve ser mais inteligente que o mais inteligente investigador, para manter encoberto seu ato.
O sangue o desperta. Em mundos sombrios que põe a prova a razão humana, ele segue a trilha do mais perigoso e cruel predador existente. Muitas vezes, a linha divisória entre caçador e presa torna-se tênue. Ele tem ciência, entretanto, que deve ser mais inteligente que o mais inteligente dos assassinos para fazê-los pagar por seus crimes e evitar novas mortes – talvez, a sua própria.
Em um palco, eles lutam. Em tramas repletas de reviravoltas, se confundem. Às vezes, se unem. Podem, até, se perdoar. Mas, não importa em qual situação, se completam.
Você está desafiado a acompanhar estes duelos, a desvendar estas tramas, a perder-se nos rios sinuosos e ilusórios da literatura policial, onde nada é o que parece – ou não.
Puxe uma cadeira, prepare-se para o inusitado e acomode-se. O show já vai começar.
No Beco do Crime.
IMPORTANTE: Os interessados na compra do livro, informo que o preço de capa será R$ 25,00 (+ preço de postagem, para os que moram fora de Salvador) e que apesar de não ter recebido minha cota de livros, já estou fazendo a lista dos interessados. Então, por favor, mandem e-mail para que eu inclua o nome na listagem. Agradeço a atenção. Abraço Perfumado!

domingo, 23 de agosto de 2009

Nossa Senhora do Bom Parto

Um dia de cão. A estafa me consome. A medicina é uma benção, mas para quem decide trilhar por esse caminho precisa estar preparado para dias como o dia de hoje. Tudo que precisava era de algo que me tirasse do ar, para eu não pensar em nada, em nenhum ser humano.

Meus colegas dizem que os seus plantões dão até para tirar um cochilo. Mas parece que todos decidem ficar doente do sábado para o domingo, justamente o dia do meu plantão. Tive que reanimar três pacientes com parada cardíaca. Outro com câncer que ainda não tinha sido diagnosticado, mas pelo andar da carruagem da morte, ele não demora muito, está em estágio avançado.

Tudo isso cansa muito. Escolhi a medicina por amor, por paixão. Dinheiro é bom sim, não sou nenhum comunista, gosto do dinheiro, mas a medicina está em minha vida acima de qualquer coisa. Mas desde que me formei, depois de acabar a residência, nunca tirei férias, e lá se vão quatro anos. Estou muito cansado, preciso desligar.

Foi aí que descobri o quanto o clorofórmio faz bem. Tinha ouvido de outros médicos, que não existe nada melhor para relaxar que cheirar clorofórmio. A ação é rápida, um estado de sair de dentro de si, de perder o controle dos músculos. Dou risada sozinho, realmente me sinto bem quando estou cheirando. Sempre consigo com os amigos farmacêuticos, daí depois dos plantões gosto de espairecer. E quando chego a minha casa, todo o estupor já passou.

Mas parecia que os santos todos não estavam indo muito com minha cara. Peguei um puta transito até chegar ao beco que sempre paro o carro e relaxo e que fica próximo a minha casa. Mas num percurso que faço em no máximo vinte minutos em dias normais, hoje fiz em quase uma hora. Mas tudo bem, afinal, eu estava próximo de me desligar de tudo, porque depois de cheirar bastante, eu iria para um bom banho e depois cair na cama.

Parei o carro, antes de tudo, fumei um cigarro. Mas fumei como se deve fumar – apreciando cada tragada, não pensando em nada além do ato de fumar. Foi nesse momento que vi uma mulher passar pelo carro, até levei um susto. Mas relaxei. Era uma dessas moradoras de rua. Ela estava acompanhada de muitos cães, alguns inclusive com calazar. A mulher carregava um saco cheio de vasilhas plásticas, certamente as tinha catado nos lixos da cidade. Eu já tinha visto essa mulher pelas redondezas e sabia inclusive que ela estava grávida. Sua barriga estava enorme. Ela fumava um cachimbo. Mas depois percebi que não era um cachimbo comum, era daqueles que os drogados usam para fumar crack.

Como uma criatura grávida podia fazer aquilo? No ímpeto da ética, na missão da minha profissão pensei em intervir, em ir lhe falar, mas meu estado de estafa não permitia isso, afinal era uma drogada, uma moradora de rua, que certamente estava sorvida pelas drogas há muito tempo.

Voltei a me concentrar no meu momento. Afinal, estava ali para isso. Molhei a gaze com o clorofórmio, e dei a primeira cheirada. Meu corpo começou a deslizar pelo banco do carro. Como é boa essa sensação. Sair de si. E fui cheirando, cheirando. Depois eu já chupava o líquido como se fosse gelo derretendo. E como num feixe de ilusão ouvi um grito. Estrondou pelo beco e por meus ouvidos sensíveis. Eu estava sob efeito do cloro, e tudo passou a ser tenebroso. Saí do êxtase para entrar numa onda de horror. Porque comecei ver tudo de uma forma diferente.

Percebi que além dos gritos, ela chamava por nossa senhora do bom parto. Os cães latiam ao redor dela. E isso dava um ar nebuloso e de pavor ao beco. Sabia que ela estava em trabalho de parto, via como ela se contorcia. Mas eu não conseguia vê-la como um ser humano. Em minha viagem, ela era a sombra louca da noite.

Eu chupava a gaze molhada de cloro e as sensações iam e vinham me deixando mais calmo, me distanciando dos gritos. Mas logo eu conseguia ver aquela sombra feminina e consegui entender que os cães esperavam o filho e um deles poderia ser o genitor da cria que dali sairia. A mulher-sombra-da-noite chamava por uma santa que nunca ouvi falar. E logo ela que a pouco puxava uma fumaça em seu cachimbo, estendia sua voz a nossa senhora do bom parto.

Vi a criança-cão despontar pelas entranhas da mulher, acho que a santa a ajudou, mas era um serzinho miúdo. Os cães rodavam, latiam. Acho que feliz pelo filho nascido. Eu puxava o liquido da gaze. E comecei a entender. Os cachorros esperavam uma refeição. A mulher estava fraca, seu sangue corria. A criança não chorava. Os cães começaram a brigar pela comida. Rosnavam, latiam. Eu nada podia fazer. A mulher estendeu o braço com o resto de forças que tinha e pegou o cachimbo e o acendeu levando-o até a boca. Tragou profundo. Eu dei outra puxada na gaze, acho que estou desmaiando...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Antologia Beco do Crime

Pois pois, hoje recebi uma extraordinária notícia: um conto meu foi selecionado para entrar no livro Antologia Beco do Crime - O melhor da Literatura Policial, uma realização do site Beco do Crime e que será lançado pela Editora Multifoco. Nossa, estou muito feliz, mas muito feliz mesmo. Aí está a relação de contos e seus respectivos autores selecionados:

A Janela do Segundo Andar

Kássia M.

A Morte é Cinza

Alexandre Coslei

A Terceira Lei

Josué de Oliveira

Até Logo, até Breve

Alexandre Gazineo

Balas ao Luar

Oscar Bessi

Benfeitor

Plínio Gomes

Cinzas

Márcio Renato Bordin

Como se Fosse da Família

Marcos Almeida

Condenado

Renato Cassaro

Impasse do Desejo

Vanise Macedo Maria

Laica

Fabiane Guimarães

Livre Arbítrio

Beto Guimarães

Na Mente do Psicopata

Yubertson Miranda

O Amor por Ester

Raphael Montes

O Desafogo do Aprendiz

L. C. Lima

Parceiros

Giselle Sato

Pesadelos

Cisticerco

Quem Matou o Tio Quim

Valdeci Garcia

Replicante

Denise Ravizzoni

Sociedade

Danilo Faria

Surto

Beto Canales

Viuvez

Paulo Mota

Grande abraço a todos que andam por aqui.

sábado, 4 de julho de 2009

Benfeitor

A vida de meu filho foi fadada ao sinistro, ao obscuro, à morte. É duro para um pai assumir isso, reconhecer um filho, o único filho como um assassino. Mas não como qualquer um, não como os que aparecem nos noticiários.

Tudo começou no dia em que ele nasceu, num ano bissexto, dia vinte e nove de fevereiro. Ao dar a luz, minha esposa não resistiu ao esforço e a quantidade de sangue que perdeu. Queríamos muito um filho. Uma criança daria alegria completa. A gravidez foi arriscada desde o início, não chegou a completar os nove meses.

Depois, quando levado para a incubadora, ficou junto de outras cinco crianças prematuras que nasceram nos dias anteriores. Todas morreram com uma infecção fulminante após sua chegada, ele nada teve, pelo contrário, apresentou uma recuperação rápida, como se ele se fortalecesse a cada morte que causasse. Foi tido como um herói, pelas enfermeiras e médicos, por superar a morte duas vezes. Eles não sabiam que ele é quem trazia a morte consigo e eu estava ali, dividido entre a felicidade de um filho vivo e tristeza da companheira morta.

O garoto foi crescendo e eu ia me assustando com sua frieza e com a capacidade de andar lado a lado com a morte, com a destruição. Todos os animais que ele ganhava morriam. Brinquedos eram quebrados, destruídos, reduzidos aos cacos. Aos cinco anos quase não falava, era amedrontador, estranho.

As coisas começaram a tomar uma proporção gigantesca quando uma menina apareceu sufocada com um saco de lixo na escola. A menina era coleguinha de meu filho. Eu não sabia o que fazer, tinha certeza que havia sido ele. Aguardei a poeira baixar e o tirei da escola, na verdade deveria tê-lo entregado a polícia, mas com que provas por um menino de oito anos na cadeia?

Dentro de casa ele se tornou mais perigoso, agressivo, asqueroso. E o seu silêncio me incomodava profundamente, eu falava, perguntava, tentava ter alguma conversa, mas ele nada dizia só me olhava com os olhos secos. Era nítido o seu desprezo por mim, seu pai. Seu quarto fedia, ele fedia. Magro, quase cadavérico, sem cor, pálido. Com o passar dos dias surgiam notícias de pessoas assassinadas nas redondezas de nossa casa e bairro.

Depois que meu filho completou treze anos, as notícias aumentaram, como que para dar algum sentido a sua vida de inércia. Ele precisava encontrar a morte que lhe trouxe a vida – uma senhora morta a pauladas; um homem com a garganta cortada; gatos e cachorros sem cabeças; crianças asfixiadas; mendigos queimados. A polícia fazia suas rondas e investigações, mas não conseguiam nem provas e nem por as mãos no assassino. Mas eu sabia que era ele. A angústia, o medo e o horror me perseguiam.

Numa noite esperei ele sair e fui atrás dele. O vi entrando na casa de três senhoras irmãs e viúvas. Ele entrou pela porta da frente, como se elas permitissem sua entrada. Aguardei um pouco e fui bater à porta. Não havia surpresa para mim. Ele veio atender todo melado de sangue, frio, calculista. Certamente já tinha esquartejado as três. Aquilo era demais para um pai. Peguei o 22 que levava comigo e descarreguei nele. Oito disparos. Seu rosto permaneceu sínico, gélido, mas eu já não sentia mais medo dele. A vizinhança ouviu os tiros e chamou a polícia.

Estou preso por três meses aguardando julgamento. O defensor público disse que eu não saio daqui tão cedo. Acusaram-me do assassinato das três senhoras, do meu filho e de outras tantas mortes que aconteceram nas redondezas. O infeliz não deixava marcas e nem digitais em seus crimes, era meticuloso. Logo eu, um benfeitor? Mas ninguém acredita num pai que mata o filho, mesmo que esse seja a própria encarnação da morte, do próprio demônio.